DAS HIPÓTESES
Segundo notícias online, pode-se aventar algumas hipóteses para a dinâmica, causas
médica e jurídica do óbito: natural súbito (infarto fulminante), seguido de queda na escada; mal
súbito (perda da consciência) seguido de queda e Traumatismo Cranioencefálico (TCE), ou
asfixia, dependendo da posição da cabeça e pescoço; tropeço natural do idoso, seguido de
queda e outros fatores associados; agressão física com ou sem empurrão de terceiro, seguido
de queda na escada, com ou sem outros fatores associados; pancada na cabeça e colocado na
escada para simular acidente; outras possibilidades, dependendo da imaginação, motivação,
especulação e teóricos da conspiração.
DAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS E HORÁRIOS
Segundo notícias online, o último contato de Nahim foi com a segunda ex-esposa
Andreia e um amigo em comum, mais jovem, quando jantaram numa padaria, em torno das
22:30. Na verdade, como se comprova a seguir, bem antes deste horário, porque a saída da
padaria ocorreu as 22:34.
Nas imagens das câmeras de segurança no interior da padaria, não se visualiza horário.
Nahim aparenta instabilidade ao caminhar, inclusive, num dado momento, se apoia na Andreia,
e no pagamento da conta, aparenta baixa visão, Andreia digita para ele a senha.
Na saída da padaria, visualiza-se, 22:34, pisada em falso, quase sofre queda.
Possibilidades: baixa visão; passando mal, sem falar para Andreia, ou sob efeito de alguma
substância.
Andréia deixou o amigo num determinado local. Levou o Nahim em casa, verificou se
estava tudo ok e saiu 00:30. Portanto, “suspeita”, somente pelo fato de ser a última a ter
contato em vida com ele, na casa.
Houve contato por WhatsApp da Andreia com Nahim no início da madrugada. No
telefone da ex-esposa Andreia, consta, 00:54, informando que chegou no seu domicílio;
seguido de contato de Nahim, 01:05, reclamando do sinal da internet; novamente, Andreia,
01:30.
Neste aspecto é possível provar que Andreia estava no seu domicílio, analisando o sinal
da torre do celular. Do mesmo modo, o sinal do celular de Nahim.
Outro elemento de prova de que Andreia não estava na casa de Nahim, quando ocorreu
o óbito, seriam as câmeras de segurança mostrando o horário de retorno para o domicílio e
tempo de deslocamento entre a casa de Nahim e dela.
Na segunda metade da madrugada, 03:07, técnicos de telefonia (fibra óptica)
trabalhando na rua, observaram uma pessoa caída na escada e comunicaram a polícia militar.
Confirma-se por imagens de câmera de segurança e de reportagem de TV que era
possível visualizar a escada e o corpo de fora da casa.
No local, a PM comunicou os bombeiros que ao chegarem, romperam a trava do
portão, quebraram o vidro da porta de entrada, abriram a porta com a chave na fechadura por
dentro e constataram a rigidez cadavérica. A Andreia tinha chave? Também deve ser
esclarecido. Mesmo assim, foi chamado o SAMU que constatou o óbito, 04:30.
Outras informações, é de que apresentava lesão no lado direito do rosto e sangramento
no local, Traumatismo Craniano (TC). Estava numa posição de quem estava descendo a
escada, decúbito ventral (barriga para baixo).
A calça jeans, duas versões, somente desabotoada, ou abaixada na altura dos joelhos,
pode ter vários significados, inclusive de natureza sexual. A se confirmar com os policiais qual a
verdade. Ele teria o hábito de deixar a calça desabotoada.
Todos deverão prestar depoimento para confirmar, horários, dinâmica de como foi
encontrado o corpo e outras informações de interesse médico-legal, em especial as
características da rigidez cadavérica.
Na prática, médico-legal, a rigidez cadavérica tem início, em geral, pela cabeça e
pescoço, 1 a 3 horas após o óbito, generaliza para todo o corpo, após 12 a 15 horas.
Neste contexto, seria questionar a intensidade da rigidez e localização. Se era rigidez
inicial, o óbito teria ocorrido, cerca de 1 a 3 horas após a constatação.
Pode contribuir para a hora provável do óbito, o grau de digestão dos alimentos no
estômago do Nahim, associando com a hora aproximada da última refeição. Alimentos não
digeridos, 1 a 2 horas após a refeição, estômago vazio, acima de 6 horas.
A hora provável do óbito, pode ou não, levantar a suspeita da Andreia na casa, durante o
fato.
Não havia sinais de arrombamento na casa e ausência de pertences de valor. Havia
luzes acessas e televisão ligada.
O celular de Nahim estava junto ao corpo, ou em outro local? Apresentava o hábito de
dormir de madrugada? Tomava medicamentos? Ingeriu bebida alcoólica?
O exame do laboratório qualificará e quantificará as substâncias presentes no corpo de
Nahim. Segundo informação, havia quantidade mínima de álcool no sangue.
Era portador de baixa visão? O prontuário médico do oftalmologista dele pode
esclarecer. A informação era de que era portador de ceratocone (doença da córnea) e
glaucoma (aumento da pressão intraocular) que pode levar a baixa visão e cegueira.
A técnica em tanatopraxia que preparou o corpo para o velório, disse no programa
Pânico que Nahim apresentava o sinal de Guaxinim (olhos arroxeados, popular hematoma). Os
olhos arroxeados, em geral, estão associados a fratura de base de crânio e/ou ossos da face.
Este sinal é indicativo de hemorragia, portanto, o trauma ocorreu em vida, coração
pulsando, com ou sem consciência.
Agora é aguardar os resultados dos exames oficiais de natureza médico-legal, do local
do fato e toxicológico. Assim como, dos contatos telefônicos (torres de telefonia), câmeras de
segurança, prontuário médico, depoimentos, no devido processo legal.
Separado de corpos desde outubro, mas ele permanecia morando com a ex-esposa.
Seria a primeira noite dele dormindo sozinho na casa, alugada há uma semana.
Na medida que aumenta a quantidade de idosos, muitos morando sozinhos, aumentará
também a quantidade de óbitos suspeitos.
HIPÓTESE PROVÁVEL
Provando-se que a Andreia não estava presente na hora do óbito, sem dúvida razoável,
a hipótese é de óbito acidental.
O sinal da internet estava ruim. Ele percebe pela janela do andar superior, ou escuta
vozes, falas de pessoas na rua, técnicos trabalhando na rede. Não raro de madrugada, eles
falam alto!
Nahim desce a escada para saber o que está acontecendo, ou reclamar da internet.
Momento que sofre a queda e morre por TCE.
Outra hipótese, desceu a escada para ir à cozinha. Fome ou sede da madrugada de
pessoa sem sono. Alternância de depressão e ansiedade do recém-separado, gera forte
sofrimento psíquico.
Fatores importantes para a tese de acidente: idoso (71 anos), morando sozinho após 13
anos de convivência com Andreia; baixa visão; sob efeito do álcool e/ou outras substâncias;
não estava habituado ao espaço, em especial a escada, primeira noite na casa; ausência de
vestígios de arrombamento e roubo.
Em suma: do ponto de vista biopsicossocial, considerando o contexto do caso, em
especial a baixa visão, era um óbito evitável, se não estivesse sozinho.
Escutei na fila da padaria dois indivíduos engravatados discutindo se era caso de
imprudência e/ou negligência familiar. Com a palavra: os causídicos.